BREVES COMENTÁRIOS SOBRE O TRABALHO EM MARX, DURKHEIM E WEBER.


 

Fonte: Filme Tempos Modernos, 1936.

Karl Marx (1818-1883), Émile Durkheim(1858-1917) e Max Weber (1864-1920) são os três principais clássicos da sociologia, e todos eles se debruçaram sobre o Trabalho como um tema central para compreender o desenvolvimento da humanidade e das relações contemporâneas.

Durkheim tentava compreender o que trazia coesão à sociedade. Por estar inserido em um período histórico de grandes transformações, ele buscava entender quais são os artifícios que contribuem para que a sociedade continue funcionando de maneira coesa, para isso estudou a divisão social do trabalho.

Ele percebeu que nas sociedades ditas ‘primitivas’ e de baixa divisão social do trabalho, as pessoas eram passíveis de serem intercambiáveis, ou seja, todas sabiam cumprir várias funções de trabalho e podiam se alterar entre elas. Com isso, a relação que surgia entre eles era de uma aproximação por semelhança. Durkheim chamou isso de Solidariedade Mecânica.

Já nas sociedades capitalista, ele notou um grande sentimento de individualismo e intensa divisão social do trabalho. Nesse sistema, cada pessoa se especializa em funções específicas e desconhece uma série de outras atividades. Sendo assim, o que manteria a coesão da sociedade além da educação, é a interdependência, atualmente ninguém consegue prover sozinho tudo o que precisa, então existe uma relação entre os indivíduos baseada na dependência mútua, Durkheim chamou de Solidariedade Orgânica.

Já o Weber, tenta mostrar a relação profunda entre religiosidade e trabalho no sistema capitalista. Ele mostra que desde a reforma protestante houve uma espiritualização do trabalho e a formação de uma ética do profissional que se tornou não só dogmática, mas também contribuiu para ascensão do capitalismo.

Antes da reforma protestante o trabalho era tido com um mal necessário, como uma forma de satisfazer nossas necessidades biológicas somente. Com Lutero e Calvino a Igreja começa a defender o trabalho como forma de alcançar o reino dos céus e estar distante dos pecados como a preguiça e a luxúria, “o trabalho profissional deveria formar uma muralha contra a preguiça, todos devem trabalhar – quem não trabalha não deve comer e o trabalho é um dever” (MULLER, apud SANSON, 2014).

Trabalhar passa a ser uma forma de homenagear a Deus, e justificar uma possível escolha de Deus para o reino dos céus. As pessoas precisavam então trabalhar incansavelmente, se afastar do ócio para sentir que mereciam o reino de Deus, e como todos poderiam ter sido escolhidos por Deus e precisavam merecer essa escolha, constituía-se um cenário de competição e incentivo ao trabalho. Essa concepção religiosa do Trabalho teria contribuído para a formação do trabalhador perfeito para o sistema capitalista, dedicado, sem preguiça e empenhado em trabalhar sem gastar seu tempo com lazer ou contemplação.

Marx pensa o Trabalho como o que nos diferencia dos animais, aquilo que fazemos conscientemente para nos mantermos vivos, toda ação sobre a natureza que permite produzirmos e reproduzirmos nossa existência e mais do que isso, nos permite dar significa e humanizar nossa existência. Então o trabalho em si, tem características ontológicas, ou seja, faz parte de nosso processo de humanização, mas no sistema capitalista se torna unicamente uma ferramenta para manter nossa subsistência.

É verdade que também o animal produz. Constrói para si um ninho, habitações, como a abelha, castor, formiga etc. No entanto, produz apenas aquilo de que necessita imediatamente para si ou sua cria; produz unilateral [mente], enquanto o homem produz universal[mente]; o animal produz apenas sob o domínio da carência física imediata, enquanto o homem produz mesmo livre da carência física, e só produz, primeira e verdadeiramente, na [sua] liberdade [com relação] a ela; [...] (MARX, 2004, p. 85).

Então para Marx o trabalho tem um caráter duplo, ao mesmo tempo em que é a única coisa que nos torna realmente humanos e o que nos tem desumanizado nas sociedades burguesas capitalistas. Nos desumaniza porque no capitalismo com a grande divisão do trabalho e fragmentação dos saberes, os bens produzidos pela classe trabalhadora tornam-se estranhos a eles, embora a classe trabalhadora os produza, não consegue se ver e nem ter o produtos de sua produção. E passa a existir uma humanização dos produtos e uma coisificação das pessoas, que podem ser trocadas como peças de um maquinário.

 

MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2004.

SANSON, Cézar.  O conceito de trabalho em Max Weber. Disponível em https://docente.ifrn.edu.br/fabiolaaraujo/disciplinas/sociologia-do-trabalho/trabalho-em-weber, 2014.


Comentários

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